18 de janeiro de 2012

Fechando umas portas, abrindo outras... Ou deixando todas entreabertas?

Das mais profundas áreas do meu coração, 18 de janeiro de 2012.

Amado Leahpar,

É cedo, mas resolvi levantar já que torturantes lembranças devoram meu sono. A imagem do seu rosto, antes tão viva e fiel, agora já meio vaga e branca parece me atormentar cruelmente. Há duas semanas tem sido assim. Eu tenho visto filmes e saído bastante. Eu me permiti conhecer uns caras, devo lhe dizer; mas não consegui preencher o espaço vazio deixado por ti - o que me doeu ainda mais. Ah, e quanto aos filmes, eu tive a tolice de assistir aos que você havia me recomendado e, ah, como temos coisas em comum... Eles são fantásticos! (não, eles eram de terror, não fantásticos). Olha, desde que resolvi fingir que você não mais existe, tem sido difícil, mas como vê... A sua imagem já está vaga e branca; o que prova que estou conseguindo, não acha? 
Eu - que nunca tive uma excelente forma física, exceto pelas notáveis curvas delineadas - estou ainda mais pálida e magra. Não que eu esteja sendo dramática ou coisa assim... Eu juro que tentei por garganta abaixo, mas tudo insiste em voltar. Olha, sente alguma semelhança nisso? É, eu não lhe contaria isso se não quisesse chegar nesse ponto.
Então eu continuo tentando encontrar uma forma de remover essas garras que eu mesma cravei em mim. E calma, não vai demorar, eu prometo. Logo se verás livre. E eu também. Ainda estou pensando... 
Enquanto penso, posso te contar como tem sido? Primeiramente, não se sinta culpado, (sei dessa sua mania) porque fui eu que me submeti à isso. E segundo, você vai rir.
No sábado seguinte ao nosso último encontro, embora eu ainda não acreditasse que nossa relação pudesse ter se tornado tão fria e entediante (sabe como a real demora a cair pra mim: como uma mãe que vai dando uma sopa ao filho, colherzinha por colherzinha, ao passo que ele a enrola), eu sabia que tinha que ir pra algum lugar, fazer algo. Confusa assim, saí. Entrei naquele bar que fica a menos de cem metros de sua casa, famoso pelas confusões e baixarias que rolam por lá. Alguns marmanjos enchiam a cara pra comemorar um gol, foi nesse instante que entrei sem sequer olhar pro seu portão. Pedi um copo e nele coloquei cerveja da garrafa de um dos caras, dois deles me olharam sem entender. E também fingi que não estava entendendo nada. Outro gol. Pulei, gritei. Logo me tiraram de lá... Time errado. Time errado, porra. Fui para casa. Novamente não olhei pro seu portão. Nesse dia eu dormi, nos seguintes não. 
Paro agora de contar minha façanha, já deve ser o suficiente. Acabo de receber a notícia que o removerá de minh'alma. Vou-me embora, passei naquele vestibular. O do Sul. Bem longe. Num instante começo a arrumar as malas, você não entra na bagagem. Eu deveria estar feliz, não é? Quer dizer, eu estou. Estou sim. Não apareça pra explicar nada. Eu ficarei bem e não tenho dúvidas de que você também. Não se esqueça de que faço isso por sublime amor. 


De sua mais doente paixão, eu.


6 comentários:

  1. Oi, Z, boa noite!!
    Textomuito bom. Gosto demais de crônicas assim. Sigo três cronistas, todas feras. Você é fera!
    No judaísmo, Raphael é o nome de um arcanjo. Significa "Deus cura". Bem, há um coração precisando de cura, e o sul tem clima excelente para cura. Se for sul bem sul, tem mel, chocolate e vinho também - e eles também curam!
    O portão e o bar perto do portão estarão bem longe, embora no coração só fiquem longe quando outro amor estiver mais perto... Isso não é um conselho, é só uma dedução. Não é por experiência - ouvi dizer.
    Doença de paixão é assim: nunca acaba, nem quando chega ao fim...
    Um beijo carinhoso
    Doces sonhos
    seu fã
    Leo

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  2. Olá Z, tudo bem? Adorei a carta, ficou mesmo tocante! Gosto da forma como vc escreve, vejo que realmente tens o dom! Sigo o teu blogue! bjus
    http://lorenna-almeida.blogspot.com/

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  3. Não, infelizmente a carta é mesmo verdadeira.Obrigada pela visita no meu blogue, fico feliz que tenha gostado! :)
    bjus!

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  4. Olá Z, infelizmente a carta não é fictícia!
    Obrigada pela visita no meu blogue! Bjinhos!
    http://lorenna-almeida.blogspot.com/

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  5. Bom texto, ficou diferente dos demais que eu li que pareceram cartas suicidas, mesmo que eu ache que esta tenha sido a intenção do desafio.
    Se quiser ler a minha carta, tá no meu blog:

    http://ouca-o-silencio.blogspot.com/

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  6. Muito boa sua carta, é verídica? Se sim, adorei a parte do bar, teve atitude!
    Vi que vc ganhou a última edição no Blorkutando (abandonado), parabéns, eu li "A moça" e gostei. É realmente legal saber que ainda existem blogs como o seu!

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