7 de fevereiro de 2013

Cuidado com o tempo, Alice



Quando você vai perceber que o tempo não para só por que você está cansada, Alice?

Antes que você se pergunte, a resposta é não. O coelho jamais fez essa pergunta a Alice e Lewis Carroll que me desculpe pela ousadia de tal feito. Contudo, eu acho que a pergunta deveria ter sido feita. Há tantas Alices perdidas em seus minutos de descanso que quando tentam acompanhar o tempo que passou percebem que pode ser tarde de mais.
Aqui o relógio marca 00:45, é relativamente tarde para aqueles que acordam cedo e insignificantemente cedo para aqueles que podem desfrutar do aconchego da cama pelas horas tardias da manhã e eis que essa hora nada quer dizer, tão ínfima que já avançou um minuto enquanto eu divagava e escrevia esse período.
E o que isso tudo tem a ver com Alice, o coelho ou o País das Maravilhas? Ora, nada. Uma leitura linear, totalmente conectada e em sintonia em todas as suas partes é simples de ler, em contrapartida algo desconexo embaralha os pensamentos e arranca cartas surpreendentes que nem mesmo a Rainha de Copas poderia prever.
O que você prefere, Alice, perder-se numa linha reta ou encontrar-se em entrelinhas sinuosas? Sua resposta me mostraria que tipo de pessoa você é. Uma conformada nata sem grandes ambições e receosa de tomar riscos ou uma ávida curiosa pelas coisas que a vida pode oferecer. Vê como algo sem sentido pode ter toda coerência?
Falávamos do tempo, não é mesmo? Bem, aqueles minutos já avançaram ainda mais, não que eu esteja tentando provar que o tempo não cessa, estou apenas comentando. Instigando seu olhar para essa obviedade que pode passar despercebida.
Tente se lembrar de quando você se olhou no espelho e viu refletida uma garotinha inocente, onde essa mesma garotinha está agora? Por quantas mudanças ela passou até que o novo reflexo assumisse seu lugar? Tudo está ligado ao tempo, certo? Será que aquela garotinha gostaria de ter se tornado o que ela é agora?
Olhar para trás ajuda a compreender o presente e até a fazer algumas projeções. Não queira, porém, repetir certas coisas, há um mundo de possibilidades bem diante de seus olhos, a questão é saber quando olhar com perspicácia para enxergá-las.
Minha menina, Alice, seja você grande ou pequena para atravessar portas ou alcançar maçanetas, fique atenta ao relógio. Um dia aquelas rosas tão vermelhas desbotarão e nem mesmo seu perfume permanecerá, pois não há eternidade nesse mundo real.
Você já notou que aquele par de sapatos que antes lhe era grande agora passou a se encaixar perfeitamente? Questão de tempo. Quantos sonhos que pareciam impossíveis já não se tornaram reais? Deixe a pequenez de lado, cara Alice, um chapéu menor que sua cabeça não vai segurar, busque o que melhor se encaixa, ainda que ele pareça grande à primeira vista.
Um chá seria ótimo para adoçar a noite, não acha? Por que esse olhar confuso, você não imaginou que tudo isso aqui teria nexo, imaginou? Pobrezinha, o País das Maravilhas é um lugar muito confuso, mas em nada se compara com a gloriosa confusão daquilo que é de verdade.

Que hora o seu ponteiro marca nesse momento, minha querida? Você não acha que já é tempo de fazer aquela garotinha do espelho ter orgulho de você?

Esse texto é do Rodolpho Padovani, um cara excêntrico, eu diria. Inteligente. Ele nutre o blog "A arte de um sorriso". E, talvez não imagine, mas sua arte me tocou. Contato: rodolpho.padovani@hotmail.com

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